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A violência sexual contra crianças e PCD: um assunto de saúde pública - Revista Autismo

Atualizado: 17 de set. de 2021


Página em cor preta, uma mão demonstrando ter deixado cair um ursinho de pelúcia branco. Acima, uma fotografia da autora em preto e branco. Mulher branca de cabelos escuros curtos. Ao lado, o minicurriculo: Paula Ayub é psicóloga, terapeuta de família, diretora do Centro de Convivência Movimento – local de atendimento para autistas - , autora de vários artigos e capítulos de livros, membro do GT de TEA da SMPD de São Paulo e membro da Eu Me Protejo (Prêmio Neide Castanha de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes 2020, na categoria Produção de Conhecimento.

Em letras grandes, vermelhas e tremidas o título: Violência sexual contra crianças e pessoas com deficiência: um assunto de saúde pública.

Abaixo em letras menores e m branco: Eu Me Protejo.


A violência sexual contra crianças e pessoas com deficiência: um assunto de saúde pública


Paula Ayub


O projeto Eu Me Protejo, iniciado em 2018 pela jornalista Patrícia Almeida, trouxe à luz uma preocupação que muitos mantinham em silêncio: a violência sexual contra crianças e pessoas com deficiência. Patrícia é mãe de Amanda, uma jovem com Síndrome de Down e autista, que estava preocupada em como ensinar à sua filha a proteger seu corpo de outras pessoas.


Surge então a primeira versão do que seria a cartilha Eu Me Protejo. Pouco a pouco, Patrícia vai reunindo profissionais de várias áreas e diferentes estados do Brasil e do exterior, contando hoje com mais de 50 profissionais voluntários. A proteção contra a violência foi pauta de longas conversas. Com desenhos universais e linguagem simples a cartilha explica sobre as partes do corpo e as partes íntimas, aquelas em que ninguém pode tocar sem a permissão da pessoa.


Nesse contexto, no ano de 2020 chegou uma doença que assolou o planeta. Um vírus desconhecido que voava livre pela sociedade infectando pessoas, levando muitas delas à morte. “Fiquem em casa” foi a ordem da Organização Mundial de Saúde, além do uso de máscaras e higienização das mãos. Muitas pessoas se recolheram aos seus domicílios e aguardavam que o vírus seria brevemente combatido. Infelizmente essa história ainda não acabou.


Dentro de casa, estudando em EAD, aumento do desemprego, a exaustão pelo uso contínuo de telas, ou ainda, exaustão pela necessidade de buscar meios para o uso de telas; milhares de pessoas sem acesso à internet, além da interrupção dos atendimentos das pessoas autistas e/ou com deficiência. Estes são todos os ingredientes que tivemos (e continuamos a ter!) para um aumento significativo da violência contra mulheres, crianças e pessoas com deficiência.


Segundo a fonte Piauí.Folha.UOL, de 21 de abril de 2021, com dados de 2019, a cada hora temos 4 crianças sofrendo violência doméstica. A cada 15 minutos há uma criança sendo espancada ou sendo violentada sexualmente. A violência sexual é o quarto maior índice quando falamos de violência contra a criança, segundo informações da Childhood.org.br. Quando falamos de violência contra pessoas com deficiência, o índice é ainda maior. Em maio de 2020, a CNNbrasil aponta um aumento de 45% de denúncias no disque 100 entre abril de 2019 e maio de 2020.


Diante de tal cenário, a resposta, além de políticas públicas urgentes para acompanhar as denúncias e evitar esse aumento, é a informação.


Atualmente, o grupo colaborativo Eu Me Protejo tem um site onde oferece a cartilha em linguagem simples, libras, áudio descrição, espanhol, inglês, música e peça de teatro; ações totalmente pautadas na Educação Preventiva.


Em março de 2020 o Eu Me Protejo auxiliou na campanha do uso de máscaras e, também em linguagem simples, procurou ilustrar para crianças pequenas e pessoas com deficiência o que é o vírus e como nos proteger dele.


O Eu Me Protejo acredita que a solução do problema é evitar que ele ocorra. Quanto mais pais, professores, pediatras, profissionais da área da saúde divulgarem que a informação salva vidas, mais crianças protegeremos.


A cartilha não é sobre gênero ou sobre sexualidade, é sobre conhecer seu próprio corpo e suas partes íntimas e como evitar que pessoas que não confiam possam fazer coisas que as deixam desconfortáveis ou com vergonha. É sobre reconhecimento, respeito e sentir-se dono de seu próprio corpo.


Um segundo ponto, não menos importante, é sobre o reconhecimento de sinais que possam indicar que a criança ou pessoa com deficiência esteja sofrendo violência. Toda e qualquer mudança brusca de comportamento – como insônia, ou hipersonia, diminuição ou aumento exagerado do apetite, hematomas pelo corpo, muitas quedas sem motivo, agressividade, isolamento, aumento ou surgimento de comportamentos de automutilação (puxar os cabelos, por exemplo), baixa no rendimento escolar, podem indicar que a criança esteja sofrendo violência física e/ou sexual. Um sinal é apenas um sinal, um conjunto deles indicam que uma investigação mais cuidadosa precisa ser feita. Para pessoas e crianças autistas, o aumento dos SIB (self injurious behavior) de forma exagerada pode ser um sinal a ser avaliado mais de perto.

O site www.eumeprotejo.com oferece informações sobre a prevenção, os caminhos de denúncia e abre espaço para possíveis encaminhamentos. O disque 100 vem trabalhando de forma bastante eficiente, encaminhando muitos casos denunciados.


Ainda, se você sabe de alguma criança que esteja sofrendo maus tratos, denuncie. Você pode salvar vidas. Disque 100, a denúncia é anônima.


Paula Ayub, psicóloga clínica, terapeuta de família, diretora do Centro de Convivência Movimento – local de atendimento para autistas, autora de vários artigos e capítulos de livros, membro do GT de TEA da SMPD e membro do Eu Me Protejo (Prêmio Neide Castanha de direitos Humanos de Crianças e Adolescentes, 2020 na categoria produção de conhecimento).


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