Eu Me Protejo ensina crianças a conhecerem, valorizarem e protegerem o próprio corpo, desde cedo, como forma de prevenção contra a violência.
"Tem gente que tem um braço, tem gente que tem dois braços e tem gente que não tem braço. Quantos braços você tem?"
Foi esta maneira direta e acessível que um grupo de especialistas voluntários usou para produzir uma cartilha gratuita para ajudar famílias e educadores a ensinar às crianças a conhecerem, valorizarem e protegerem seus corpos, prevenindo contra qualquer tipo de violência.
A cartilha Eu Me Protejo - versão ampliada, toda ilustrada e com linguagem simples, começa falando com naturalidade sobre as partes do corpo, sem deixar nenhuma de fora e ensina que todos corpos são diferentes e únicos.
Em cada capítulo a criança é convidada a interagir, se reconhecendo, falando ou desenhando sobre ela mesma: pode escolher a cor da sua pele, olhos, cabelos. Sempre com um espaço em branco para ela própria desenhar e colorir, caso não encontre o tom.
"Esta discussão tem que estar presente em casa e na escola desde sempre. A gente não pode ensinar para as crianças que nosso corpo só tem cabeça, ombro, joelho e pé, e deixar de fora as partes íntimas, por exemplo. A criança precisa conhecer, gostar, cuidar do seu corpo e saber que ele é só seu, desde cedo. Isso vai fortalecendo sua autoconfiança e autoestima, e tem o poder de evitar uma série de problemas no futuro", diz Patricia Almeida, uma das autoras do projeto.
Pensando em bullying, por exemplos, a cartilha fala de uma maneira natural que os corpos são diferentes. "É importante que todas as crianças se sintam igualmente representadas e sejam respeitadas em suas singularidades. O bullying nada mais é do que o mais forte oprimindo o mais fraco. Quantas crianças sofrem na escola por usarem óculos, aparelho nos dentes, estarem acima do peso ou terem uma deficiência? Se a gente ensina desde pequeno, de maneira clara e direta, que todos somos diferentes e precisamos nos valorizar, ao mesmo tempo que respeitamos os outros, vamos poder evitar uma série de ofensas, desrespeitos, abusos e violências no futuro", afirma Patricia.
No ano passado, o projeto recebeu o Prêmio Neide Castanha de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes com a cartilha Eu Me Protejo - educação para prevenção contra o abuso sexual na infância.
Este ano, o coletivo, formado por mais de 50 profissionais de diferentes áreas como educação, psicologia, saúde e direito, entre outras, criou uma versão ampliada da cartilha para ser usada em casa ou na escola para prevenção de todo tipo de violência.
"Estamos muito contentes com a receptividade. Esse conteúdo serve para apoiar conversas em casa e na escola que vão ajudar mães, pais e educadores a preparar suas crianças para enfrentar situações de risco. Muitas crianças não sabem que estão sendo abusadas ou que um adulto não tem o direito de bater nela", conclui.
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